manuvéi
sou um daqueles privilegiados que teve a honra de vivenciar momento raro ao lado de pessoa rara como o manuvéi Pena Branca. foi num ensaio para um show, em que cantávamos juntos uma fabulosa versão modal do EMCANTAR para a canção O Canto do Povo de Um Lugar, do Caetano, cujo registro gravamos para o que seria o terceiro CD do EMCANTAR, ainda não lançado, mas devidamente guardado na gaveta do porvir, pós PARANGOLÉ e ESCUTATÓRIA.
o Pena cantou uma letra diferente, quando parei a música para dizer a ele que não era “lua branca” e sim “lua mansa”. para mim ele havia cantado a letra errado, o que justificou a interrupção para “corrigí-lo”.
de fato, ele cantou diferente, mas o que eu não esperava é que o homem defendesse obstinadamente o sentido de que, embora a letra da música dissesse “lua mansa”, para ele a lua não era mansa nem pálida, mas gritantemente branca!
nunca mais esqueci da maneira como aquele manuvéi se dirigiu a mim para fixar-me num gesto poético o que para mim soa como claridade divina, a lua.
obrigado manuvéi. faz um mês que você foi ver a brancura da lua de perto, mas saiba que sou um daqueles em que você fincou seu encantamento pelo belo plasmado na simplicidade das coisas.
lua branca
o Pena
cantador de poemas e encantamentos
foi ver a lua de perto
um dia, num repente dos seus
ele me disse convicto:
a lua cheia não é mansa nem pálida
é lua branca e gritante a lua cheia
brilhante laranja
a branca bela
arregala-se no horizonte
no arremesso do instante
esclarece o espaço
enternece o espanto
noturna afora
passeia silenciosa
despetalando luminescências
como um etéreo queijo
fosforesce o céu
em cada parto de lua
a lua prenha
para Pena Branca
(poema publicado originalmente na coluna VERSEJAR, do Jornal Diário de Araguari, neste domingo, 07/03/10)
Um comentário:
Acredito que pessoas como ele quando passam em nossas vidas plantam em nós um pouquinho de esperança e de sabedoria!!!
Que possamos ser "manosvei" em nossas relações!!!
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