sábado, 20 de fevereiro de 2010

pour edith

“o primeiro beijo a gente nunca esquece.” não obstante (sempre quis usar esta expressão), não obstante a qualidade do beijo, a sentença sobre a magia em torno da primeira experiência entre duas bocas nunca me tocou o bastante para que meu lado romântico desse alguma bola para a cena que um dia também aconteceu comigo. quinze aninhos, eu era apenas um franguinho.

mas isso até que a cantora francesa edith piaf despertou minha nostalgia e o devido valor que eu não atribuía a esta experiência na minha história. percebi que não se trata de ser romântico, mas de enxergar as belezas da arte do encontro, na medida em que tateamos no escuro das paixões.

e assim, várias delas sucederam-se na trajetória deste inquieto poeta em suas buscas por viver intensamente um grande amor, cada um na sua inedicidade. no caminho, a descoberta de que o mais importante não é necessariamente o primeiro amor, mas o último, aquele que traz a possibilidade de ser eterno enquanto dure, segundo o poetinha vinicius de moraes. ou ser o definitivo, aquele que basta às buscas.

mas, entre tantos poetas, há um em especial para o meu coração que trata do outro lado da moeda e que arrebatou-me sensivelmente com uma canção sobre o crescimento que uma ruptura amorosa proporciona aos envolvidos.

abaixo o poema. mais abaixo uma outra canção na voz da “pequena pardal”. em ambos a presença da dor, do perdão e do não arrependimento. acima de tudo, a vida sempre vale a pena quando a alma não é pequena.

Não me arrependo
Caetano Veloso - 2006

eu não me arrependo de você
cê não me devia maldizer assim
vi você crescer
fiz você crescer
vi cê me fazer crescer também
pra além de mim
não, nada irá nesse mundo
apagar o desenho que temos aqui
nem o maior dos seus erros,
meus erros, remorsos, o farão sumir
vejo essas novas pessoas
que nós engendramos em nós
e de nós
nada, nem que a gente morra,
desmente o que agora
chega à minha voz.

eu também não me arrependo e ofereço, sem que sejam tiradas de seus lugares, todas as flores do mundo para edith piaf.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo tanto faz!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus temores
Varridos para sempre
Recomeço do zero. "

Ass: Admiradora da "pequena pardal"...