sábado, 23 de janeiro de 2010

trata(n)do das aspas

além de servir para realçar palavras ou partes de texto as aspas servem para informar a autoria dos ditos e dos escritos embora as injustiças e desrespeitos com os autores não deixem de existir seja por ignorância descuido ou sequestro de texto. “no mais, estou indo embora, baby, baby, baby” d“esse papo” que “já tá” pra lá de “qualquer coisa” para não sei onde já se viu parar para tratar das aspas em tempos de internetês bombando na net e quem não cair na rede é peixe no aquário da reforma ortográfica.

o filósofo austríaco ludwig wittgenstein escreveu que o sentido do termo está em seu uso e a lei do uso e desuso (que eu ainda não descobri quem descobriu seo itamar assumpção) diz que se não usa atrofia. isso me faz lembrar a teoria da evolução das espécies de charles darwin aplicada ao trema que estava em desuso até dar no que deu: morreu!

se as aspas servem para “proteger” significados digo que as palavras não precisam de proteção. as palavras são.

depois de tamanha contundência um respiratório poético:

as aspas parecem caspas nas costas das letras.

e que ponham as aspas quem quiser copiar pois esse poeminho é nosso e ninguém tasca (nem mesmo o marcelo tas) assim como toda essa (in)conveniente investigação sobre um assunto tão raramente tratado nas conversas de buteco e salão de beleza.

como ressalvas de indefinição a la prendedores de fixação do exposto nos varais dos (des)entendimentos as aspas também se dão ironicamente como alças de suspensão. aí é quando a palavra já está no auge de uma aguda crise semântica precisando meditar e levitar um pouco a fim de encontrar-se consigo mesma e redescobrir seu sentido. “ser ou não ser, eis a questão”.

mas entre o ser e o não ser vale lembrar que o olhar não tem aspas.


P.S.: forço para um dia eu crie musculatura suficiente para tratar adequadamente da vírgula, esse escorregadio clitóris que tremula no corpo do texto como um piercing a bailar na viscosidade da língua brasileira.

* esta elocubração, ou melhor, investigação coreliana entre as pernas das aspas, foi provocada mediante a crença, de uma descendente do povo belo, de que as palavras precisam de proteção. seus inteligentes ancestrais, bravos caçadores de búfalos, foram dizimados sistematicamente pela política indígena dos estados unidos da américa.

2 comentários:

centopéia disse...

Um anjo sapeca que junta aspas e caspas...você é mesmo "um daqueles casos raros de poesia"

Unknown disse...

gracinha de texto. Deu saudade de conversar sem aspas com vc...