quarta-feira, 10 de junho de 2009

FOME DE NOME

quando não se sabe o nome disso vira coisa
quando não se sabe o nome da coisa vira isso
ou aquilo
pode ser que seja negócio
e o negócio às vezes trem ou troço
com o nome não se tem compromisso
seja por lapso ou vício
o nome funciona bem dentro da língua
a língua funciona bem dentro da boca
mas pode ser que a goela fique rouca
quando a língua fica solta
e a boca em quarentena
passa o nome pro papel
a língua vira dedo
a saliva vira tinta
e a mão vira pincel
a fome de nome não some
consome o sentido constante
como o tempo devora o instante
agora distante

Um comentário:

Mariana Rodrigues disse...

Tem um negócio que me consome, um trem que me dá quando leio poemas como esse e me faz filosofar sobre coisas simples do cotidiano, mas que nem sempre a gente pensa sobre isso. Negócio, trem, coisas, isso, palavra abstratas mas que nos salvam quando a gente não consegue nomear.